sábado, 22 de dezembro de 2007

Queremos é pau-de-arara (parte 2)

a sádica arte da torturaChoques mataram garoto detido por policiais em Bauru (SP)

da Folha Online (18/12/2007 - 10h19)

O adolescente Carlos Rodrigues Júnior, 15, morto na madrugada de sábado (15) em Bauru (343 km de São Paulo) depois de ser abordado por policiais militares foi vítima de tortura com choques elétricos, de acordo com reportagem publicada nesta terça-feira na Folha (íntegra somente para assinantes do jornal e do UOL).
A informação foi dada à reportagem pelo diretor do IML (Instituto Médico Legal) da cidade, Ivan Edson Rodrigues Segura. Um fio desencapado, que pode ter sido usado na tortura, foi apreendido com um policial suspeito de envolvimento no homicídio do garoto.
O garoto foi abordado por seis policiais militares na madrugada de sábado em sua casa, no núcleo habitacional Mary Dota. Segundo a Polícia Militar, ele era suspeito de ter roubado uma moto na noite de sexta (14). Rodrigues Júnior foi agredido e desmaiou. Chegou a ser levado ao hospital, mas morreu.
Segundo a Folha, o laudo do IML de Bauru, que será divulgado hoje, aponta que o corpo de Rodrigues Júnior apresenta queimaduras por choques elétricos. O diretor do órgão adiantou à reportagem que uma corrente elétrica atingiu o coração do menino, o que causou sua morte.
Os seis policiais foram presos no domingo (16) por suspeita de homicídio. Eles estão detidos no Presídio Militar Romão Gomes, em São Paulo.

Agora o que a Folha não disse, foi que os tais policiais, invadiram a casa de Rodriguez Júnior de madrugada, se trancaram no quarto com ele, e o torturaram barbaramente com socos e descargas elétricas. O menino ainda foi molhado para que os choques fossem potencializados. Segundo o IML (Instituto Médico Legal) de Bauru, dez das marcas de choque (foram encontradas trinta marcas ao todo, espalhadas pelo corpo) estão na cabeça - nas pálpebras, orelhas e face. Outras quatro no tórax e duas no saco escrotal. As outras estavam em áreas como costas, mãos e pé.
É estranho como um crime tão hediondo como esse, ainda mais ao se levar em conta que o mesmo foi cometido por autoridades policiais, as mesmas que deveriam prezar pela segurança do cidadão; não tenha causado na sociedade brasileira a mesma comoção de tantos outros crimes (igualmente hediondos). A resposta talvez seja o fato nada desprezível, da vítima ser um negro pobre, e os criminosos, policiais militares.
Eu não consigo imaginar a polícia invadindo um apartamento em Ipanema, no Leblon ou nos Jardins, sem um "mandado de busca" (a Folha esqueceu desse detalhe), e torturar até a morte um garoto acusado de ter roubado uma moto. Claro, da mesma forma seria um crime inaceitável e monstruoso. Mas ao fazer tal comparação, minha intenção é mostrar todo o absurdo da situação. Além claro, de levantar uma questão corriqueira, onde a cor, a aparência, e a conta bancária, fazem sim toda a diferença, tornando um cidadão mais cidadão que outros não tão privilegiados.
Nada trará esse menino de volta, mas pelo menos que se faça justiça. Incapazes de exercer a profissão de servidores da sociedade, esses assassinos de farda (que pra mim não são diferentes de um Elias Maluco, lembram?) devem ser expulsos da corporação, julgados e punidos. Acho que é o mínimo que se pode esperar.
Se esperamos que os assassinos de Jean Charles de Menezes sejam exemplarmente punidos, não devemos ser hipócritas ao ponto de continuarmos a ignorar (e porque não justificar) as atrocidades cometidas pelas nossas autoridades.
Mas de forma alguma isso é novidade. Pelo contrário, a tortura está no cotidiano da polícia brasileira, é algo corriqueiro, senão diário. E o pior, é aceita pela sociedade, que omissa (será propositadamente?), acaba por legitimar práticas dignas da Gestapo.

Abraços!!

Blog Widget by LinkWithin