terça-feira, 28 de agosto de 2007

Johnny: uma visão nada romântica da guerra

Recentemente li um livro do qual gostei muito. Achei bastante original embora o assunto abordado seja tão antigo quanto corriqueiro. A forma como a história é contada é bem interessante, o que acaba contribuindo numa total imersão por parte do leitor. Estou falando do best-seller "Johnny vai à guerra" (Johnny got his gun) do escritor e roteirista norte-americano, Dalton Trumbo. Este romance foi escrito em 1938 e publicado pela primeira vez em setembro de 1939. Teve inúmeras reedições principalmente em períodos de guerras. É uma obra-prima pacifista que, apesar de sua idade, não perdeu nada do seu vigor, muito pelo contrário, continua atual.

Gostaria de avisar aos entusiastas das guerras (e não me refiro aos que estudam o assunto como eu), que este livro não se trata de heróis; de homens valorozos que dão o sangue por sua pátria (como se isso fosse algo invejável); de lutas românticas... enfim, essas besteiras que sempre servem de justificativa para um banho de sangue. Pelo contrário, é uma condenação veemente da barbárie que é a guerra. De milhões de jovens vidas que são estúpidamente desperdiçadas em nome de interesses mesquinhos, criminosamente disfarçados pelos apelos patrióticos (aliás, um campo fértil para a canalhice).

Enfim, o romance conta a história de um jovem (Johnny) mutilado num campo-de-batalha europeu durante a Primeira Grande Guerra (1914 - 1918). A história, é contada pelo próprio Johnny, onde ele procura fazer um retrospecto de sua vida até sua condição atual. Em muitos momentos a leitura se torna, propositadamente, um tanto caustrofóbica, o que têm diretamente haver com a condição do personagem. O livro é extremamente triste e as angustias, os desejos e prazeres mais básicos sentidos e narrados por esse jovem, emocionam. É um pungente grito pela vida em favor da paz e da liberdade, contra a brutalidade sanguinária dos conflitos e os senhores da guerra. Em certos aspectos ele parece bastante anárquico, embora o mesmo em momento algum, assuma alguma posição político-ideológia.

Aqui vai um dos trexos do livro:

"você que nos impulsiona aos campos de batalha você que nos incita contra nós próprios você que faz um sapateiro matar outro sapateiro você que faz um homem que trabalha matar outro homem que trabalha você que faz um ser humano que quer apenas viver matar outro ser humano que quer apenas viver. Lembrem-se disto. Lembrem-se bem disto vocês pessoas que planejam as guerras. Lembrem-se disto. Lembrem-se disto vocês seus patriotas enfurecidos seus germes de ódio seus inventores de lemas. Lembrem-se disto como jamais se lembraram de qualquer outra coisa na vida.
Somos homens de paz homens que trabalham e não queremos brigar. Mas se destruírem a nossa paz se nos tirarem o nosso trabalho se nos tentarem atiçar uns contra os outros nós saberemos o que fazer."

Ah... é bom lembrar que esse romance foi adaptado para o cinema em 1971, dirigido pelo próprio Dalton Trumbo.

Veja também:


Abraços!!




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