Ok, futebol realmente não é muito a minha praia. Se alguém, por exemplo, me pedir a escalação do Flamengo, certamente passarei vergonha. Tirando alguns jogadores mais famosos, como Adriano ou Petkovic, não consigo gravar a escalação e os nomes, fruto de alguma limitação ou mesmo falta de conhecimento e de interesse pelo cotidiano do time. A questão é que o que me importa mesmo são os resultados, é o time em campo. Nunca me interessaram as questões táticas, treinos e afins, tirando, claro, em ocasiões pontuais. Mas isso tampouco é um sinal de um, amor desinteressado. Pelo contrário, a questão é que não sou o que poderia se chamar de um torcedor fanático, entendo que há coisas além disso, mas o sentimento realmente existe. Torço de suar bicas, de ficar nervoso, tenso e mal humorado se for o caso de uma derrota; e exultante, eufórico e orgulhoso, numa vitória.
O Flamengo é uma das poucas coisas que desperta em mim aquele estranho sentimento de pertencimento, tão caro ao patriotismo (que pode revelar os mais sombrios sentimentos humanos, mas isso já é outra história). Aquele em que nos sentimos parte de algo grandioso, seja de uma torcida colossal (que impressiona tanto por sua grandeza quanto por sua força), ou de um time com uma trajetória grandiosa, marcada por glórias e também por derrotas, claro.
Esse é o Flamengo, um time popular sim, e que não se envergonha disso. Um time tão grande e tão diverso quanto o Brasil. Um time que desperta amor e ódio.
Ontem, o Flamengo desperdiçou, num Maracanã lotado, a chance de assumir a liderança do campeonato, num empate frustrante, com gosto de derrota, para o Goiás. O que poderia ser o passo decisivo para a conquista do hexa, não foi devidamente aproveitado, e continuamos com isso, dependendo de resultados. A sorte está novamente lançada. O Flamengo pode ser campeão, ou não. Mas independente disso, fez uma campanha digna de sua grandeza, mostrando a todos que ele e sua torcida são maiores e mais fortes que qualquer crise. Pode de fato, ter sérios problemas financeiros e políticos, mas ainda assim provou que é capaz de superá-los, mesmo que por um momento; mostrando toda a sua força, honrando sua história, com a indispensável ajuda de sua fiel torcida. Isso me faz lembrar uma charge do saudoso Henfil, em que aparece a torcida rubro-negra empurrando o jogador até o gol adversário, numa bem humorada alegoria da força da massa. Acima de tudo, com vitória ou sem vitória, fica o orgulho e o amor incondicional.
Enfim, esse não é o comentário apurado e frio de um especialista no futebol, de um profundo conhecedor das táticas e das regras desse esporte tão apaixonante; é apenas a singela visão e opinião de um torcedor apaixonado; que xinga, chora e vibra.
Vamos Flamengo!