Sou partidário de uma mídia independente (como aliás, já devem ter percebido), desatrelada dos grandes interesses políticos e econômicos que tendem, de forma tendenciosa, manipular a informação. É particularmente interessante a relação da grande imprensa e do mundo Ocidental, com a questão árabe. É bastante perceptível, um "tratamento diferenciado" para julgar crimes cometidos por pessoas, grupos ou países.
Como exemplo, pegarei o caso do terrorismo internacional, que anda tão em voga ultimamente. Ora, ninguém nega a existência de grupos terroristas árabes, sejam eles da Palestina, Líbano, Iraque, ou mesmo os considerados Estados Terroristas como Irã, Líbia, Síria, Paquistão (nesse caso, me refiro também a qualquer país que possa se enquadrar na categoria de ditadura, ou governo de exceção). Mas pouco, ou melhor, NADA se fala do Terrorismo de Estado praticado (em larga escala) por países como Estados Unidos e Israel, que não raro, promovem verdadeiros atos de carnificina contra alvos, sabidamente indefesos.
No entanto, a imprensa não procura dar o mesmo tratamento, e não há dúvidas de que essa é uma atitude deliberada. Nas ações militares israelenses e norte-americanas, quando atingem de forma fatal agrupamentos civis, em regiões densamente povoadas; ou se passa a idéia de cumplicidade daquelas vítimas com os possíveis terroristas aos quais aquelas forças caçavam, ou quando esta manobra se torna ridícula, procura-se passar a idéia de um "trágico erro" ou "acidente lamentável". Nunca se considera, tais ações - sejam elas praticadas por Estados Unidos, Israel ou qualquer um de seus aliados – como mais um exemplo do “maligno flagelo” do terrorismo internacional. Não é exagero dizer portanto, que a grande mídia mundial trata dos crimes cometidos pelo Tio Sam e seus comparsas, de forma bastante conivente. Nesse caso, sempre se abre espaço para uma desculpa, ou melhor, uma justificativa, quase sempre digna de nojo.
É considerado quase uma heresia portanto, chamar Israel de Estado Terrorista, e no entanto é isso que é. Mas o infeliz que o fizer, será tachado covardemente, de anti-semita, mesmo que não tenha em nenhum momento falado a respeito da religião judaica ou dos judeus e sua cultura, de forma depreciativa.
Para quem se interessa pelo assunto terrorismo internacional, as suas interpretações, como ele é entendido pelo Ocidente e como ele é de fato; aconselho a todos o livro: Piratas & Imperadores: antigos & modernos: o terrorismo internacional no mundo real (Pirates and Emperors, old and new), escrito pelo lingüista norte-americano Noam Chomsky. Nesse livro, ele discute exatamente a respeito do assunto por mim abordado aqui. Baseado numa vasta pesquisa (incluindo de jornais a documentos do governo) sobre o terrorismo moderno. Famoso pela sua crítica contundente, Noam Chomsky chegou a ser considerado pelo The New York Times (jornal que aliás é alvo de muitas de suas críticas), como "um demolidor de verdades consagradas”. Imperdível.
Enfim, no filme, o personagem Neo (Keanu Reeves), é convidado a acordar de sua letargia por Morpheus (Laurence Fishburne), que lhe oferece duas pílulas, uma azul e a outra vermelha, tendo que escolher apenas uma delas. Escolhendo a azul, sua mente continuaria aprisionada e ele voltaria a viver naquela grande mentira, mas ao escolher a vermelha, acordaria daquela realidade virtual e receberia a revelação... o deserto do real.
Segue um trecho do filme:
Morpheus: Você quer saber o que é Matrix? Matrix está em toda parte [...] é o mundo que acredita ser real para que não perceba a verdade.
Neo: Que verdade?
Morpheus: Que você é um escravo, Neo. Como todo mundo, você nasceu em cativeiro. Nasceu em uma prisão que não pode ver, cheirar ou tocar. Uma prisão para a sua mente.
Decerto, acreditar em Papai Noel é menos danoso para a nossa existência.