domingo, 2 de agosto de 2009

Obama e a cerveja da discórdia

E tudo terminou em cerveja !!!!E o Obama heim! Que saia justa ele foi se meter, coitado! Quinta-feira, nos jardins da Casa Branca, estava ele sentado numa mesa bebendo cerveja com o seu vice, Biden, o professor negro de Harvard Henry Louis Gates Jr, e o sargento da polícia de Massachusetts James Crowley.
A história todos sabem, o professor tentava entrar em casa, a chave emperrou e com a ajuda do motorista do taxi (que também era negro) ele tentava abrir a porta quando uma vizinha ao vê-lo, não titubeou e ligou pra policia, pois claro, um preto (ou melhor, dois) tentando entrar numa casa só pode ser ladrão. O que se seguiu foi uma lamentável mistura de abuso de poder com pitadas de preconceito; pois policial que esteve no local, não só não deu nem bola para os protestos do cidadão (que ao que parece, para os brancos de Massachusetts, só teria cometido o crime de ter nascido negro), como também o algemou e o levou preso. Descoberta a lambança, o professor foi solto, e Obama (que é amigo dele) fulo da vida, disse que a ação policial foi estúpida. Ora, acho q o Obama disse apenas o óbvio, o mais do mesmo. Mas não, a declaração do presidente foi recebida com consternação, como se ele tivesse cometido uma grande injustiça contra o policial. Sindicatos de policiais dos EUA exigiram que o presidente Obama pedisse desculpas pelos comentários que eles consideraram ofensivos. Enfim, criou-se assim, um clima constrangedor para Obama, que como presidente não podia perder o controle da situação, tinha que mostrar quem tem pulso. Portanto, ao ver que seu comentário criou polêmica, procurou colocar panos quentes e encerrar um assunto que podia dar ainda, muito pano pra manga e bastante dor de cabeça. Foi assim que ele resolveu chamar as partes envolvidas para uma lúdica tarde de cerveja no quintal da Casa Branca. Foi uma situação no mínimo insólita.
Mas para além disso tudo há algo muito mais importante, que óbviamente não se resolve bebendo cerveja com o presidente. Então um cidadão inocente que teve seu direito de ir e vir e de se defender, negado por uma autoridade - que deveria garantir-lhe a segurança e o bem-estar - não foi ofendido, humilhado? Isso pode ser encarado como um simples engano?

Mas o que me parece é que essa polêmica deixou claro que há muito mais do que um simples e lamentável engano nessa situação toda. Fica patente nesse caso, que o racismo é uma espécie de veia aberta naquela sociedade, uma ferida que embora inspire preocupações sinceras por parte de setores da sociedade americana, ainda está longe de cicatrizar. Mas o que é ainda mais preocupante que o racismo em si, é a conivência que uma sociedade pode manter com um ato tão hediondo, a ponto de se tornar cega, de não enxergar seus vestígios, pois eles mesmos já são parte do seu cotidiano. Nessas situações, as pessoas tendem a não se dar conta disso, pois já lhes é algo tão entranhado e corriqueiro que passa despercebido. O perigo está ai, o racismo se tornar tão banal, que não choca mais ninguém, ao ponto de uma reação apropriada à ele ser entendida como uma ofensa, como uma reação desproporcional. Afinal, tudo não passou de um triste engano, não é mesmo? E como tal deve ser encarado. Ponto final. Esse tipo de coisa vai continuar acontecendo, como aliás acontece todos os dias, sabemos disso; como sabemos também que o problema não é uma particularidade americana. O fato é que normalmente as vítimas diárias desse tipo de abuso são pessoas que não merecem espaço na mídia.
Abraços!!

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